terça-feira, 23 de agosto de 2016

Como decidi retirar meu útero

É muito interessante como o útero tem um poder forte sobre as mulheres, é como se ser mulher estivesse diretamente ligado a ter este órgão, como se ser mulher estivesse diretamente ligado ao fato de engravidar e ser mãe. Claro que escutamos isso a vida inteira, de geração após geração, nós mulheres somos incumbidas de dar continuidade à família.

Eu pessoalmente não concordo que para ser mulher é preciso , casar, ter filhos , apesar que eu sempre quis isso e sei que muitas mulheres também o querem. Mas existe uma pressão muito grande da sociedade quando uma mulher diz que não é esse o seu plano, ou quando existe uma dificuldade para engravidar.

Eu não tive problemas para engravidar, pelo contrário, minhas filhas (meus presentes) vieram sem planejamento e em momentos de minha saúde que tecnicamente não era propício.

Quando fui ter minha segunda filha minha médica me perguntou se eu queria fazer a ligadura de trompas, eu não tinha certeza, sei lá , vai que quero mais um.... bom não tive coragem de definir assim.

Então passei a usar os métodos contraceptivos normais, e olha eu usei vários, anticoncepcional via oral, testei inúmeros, eu sempre tinha reações como dor de cabeça, enjoo, tontura e trocava de indústria, de medicamento constantemente.



Minha médica então me indicou um diu hormonal, era algo relativamente novo no mercado, que me traria o conforto de não ter que lembrar todos os dias de tomar o remédio, traria menos reação, já que os hormônios ficariam localizados no útero e por 5 anos eu nem deveria lembrar de sua existência.

para a maioria das mulheres é assim mesmo, mas não comigo, que passei a ter sangramentos irregulares, cólicas e alguns sangramentos mais intensos e que pioravam com o tempo, então descobrimos através de exames que além de um mioma eu tinha um tipo de endometriose, chamada adenomiose, que fazia com eu sentisse muitas dores e sagramentos intensos , meu corpo expulsou o diu (eu o pari)

A essa altura eu já sabia que o tratamento definitivo seria cirúrgico, mas eu não queria fazer  a tal cirurgia para retirar o útero, é estranho, mas eu não aceitava a idéia de mutilação. então a médica me deu mais uma alternativa clínica , colocar um outro tipo de implante, esse o corpo não conseguiria expulsar e iria me ajudar a controlar as dores e os sangramentos

Mas funcionou por muito pouco tempo, fiquei inchada, cheia de acne e as hemorragias voltaram. os anti inflamatórios e os anti hemorragicos não faziam mais efeito, e buscopan era compra obrigatória.
Passei a usar hormônio oral, junto com o implante, tomava muito remédio para dor e estava acabando com meu estômago.

Quando eu entrava em crise ficava até 2 meses sangrando, então qualidade de vida, piscina, praia, roupa clara não tinha como né?!

e esse meu dilema, de opera ou não opera durou 5 longos anos, até que resolvi dar um basta. posso dizer que lutei, tentei todos os tratamentos clínicos, mas chagou a hora de me render.

Fiz minha cirurgia agora dia 20, dei trabalho para pegar a veia , apaguei antes da anestesia (só com sedativo) o procedimento demorou mais um pouco que o previsto devido as intercorrências, mas já estou em casa, de resguardo com um pouco de dor e ainda inchada, mas acredito que vai ficar tudo bem.

Agradeço A Deus por sua proteção, pela minha familia e amigos que tem me dado tanto carinho na minha recuperação. 

SIM eu não tenho mais útero, NÃO , isso não me faz menos mulher!